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Entidades repudiam ação policial que resultou na morte do jovem William no Salitre, em Juazeiro: “Foi alvejado nas costas pela Polícia Militar, morrendo na hora”; enterro do jovem será nesta segunda (28)

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O corpo do jovem José William dos Santos Barros, 27 anos, morto neste domingo (27) durante uma ação policial na comunidade quilombola de Alagadiço, distrito do Salitre, em Juazeiro, está sendo removido nesta manhã do Hospital Regional de Juazeiro pela equipe do Instituto Médico Legal- IML.

Segundo informações de familiares, a polícia levou o jovem para a instituição hospitalar já sem vida.

Wiliam trabalhava no aterro sanitário de Juazeiro e tinha um filho de 3 anos.

Ele foi vítima de dois disparos de arma de fogo durante uma ação da Polícia Militar na localidade em que mora, e, segundo a comunidade, os tiros foram efetuados pelos agentes de segurança pelas costas.

Em nota, a Comunidade Quilombola de Alagadiço rebateu a versão da polícia de que o jovem estaria “empinando uma moto e afirmo que, segundo testemunhas, “William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia”.

A nota critica e repudia a ação policial pelo “uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos.”

Entidades ligadas ao movimento negro emitiram uma nota de “Dor, Luto e Revolta pela morte de mais um jovem negro quilombola”

Confira

O jovem José Wiiliam Santos Barros, de 26 anos, foi assassinado ontem (27/08/23) na Comunidade Quilombola do Alagadiço, pela Polícia Militar. Esta é a primeira comunidade a ser certificada na cidade de Juazeiro, Bahia. Os moradores relatam que ele estava em pé em uma moto, na estrada em frente ao Alagadiço, junto com várias outras pessoas da comunidade, quando foi alvejado nas costas pela Polícia Militar, morrendo na hora. Não houve qualquer possibilidade de diálogo, defesa ou anúncio de prisão. Ainda segundo os moradores, o corpo sumiu por uma hora, sem que fosse dada nenhuma satisfação para os moradores, que o encontraram no Hospital Regional da Cidade. O sepultamento será às 16:30, na comunidade.

Esse assassinato acontece no mesmo mês em que foi brutalmente executada, com 12 tiros, a líder quilombola Bernadete Pacífico. A dor, o luto e a revolta tomam conta da população negra de todo país!

A população negra da Bahia tem enfrentado dias difíceis, em que a morte ronda as periferias, nossos jovens, nossas lideranças com muito mais contundência. O Estado registrando o índice macabro de campeã de mortes por ações policiais, chegando a quase 1500, em 2022, superando o Rio de Janeiro, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nos últimos 7 anos o número dessas ocorrências cresceu mais do que quatro vezes.

Exigimos a mudança da política de Segurança Pública no Estado!!! Nossos corpos não podem mais ser sempre o alvo. Ao ouvir críticas à ação da Polícia Militar, o Governador Jerônimo declarou, em um programa da tv aberta, todo apoio à forma de atuação das polícias locais. Não pode ser assim, governador!!! Essa herança de Rui Costa tem que ser rompida! Essa será a principal política pública para as populações negras da Bahia?

Compir – Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro (BA)
Articulação Quilombola
Frente Negra do Velho Chico
Pérola Negra
Coletivo Enxame

Nota de Repúdio: Ação da Polícia Militar em relação ao Jovem William da Comunidade Quilombola de Alagadiço, Juazeiro-BA

Nós, membros da Comunidade Quilombola de Alagadiço em Juazeiro, Bahia, manifestamos nosso profundo repúdio em relação à ação da Polícia Militar que resultou na trágica morte do jovem William, um integrante desta comunidade.

É com indignação e tristeza que observamos as circunstâncias em torno dessa fatalidade. A Polícia Militar alegou que o jovem estava empinando uma moto, porém, o testemunho de membros da nossa comunidade contradiz essa versão. Segundo relatos de testemunhas, William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia.

Este incidente trágico destaca um problema maior e sistêmico que enfrentamos. Vemos essa ação como um exemplo gritante de uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos. A perda de William é uma lembrança dolorosa das vidas negras que continuam sendo afetadas pela violência e pelo racismo institucional.

É profundamente preocupante e lamentável que a população negra continue a enfrentar brutalidade por parte da polícia militar no estado da Bahia e em muitas outras regiões. A persistência desse problema destaca a necessidade urgente de abordar questões de discriminação racial, violência policial e desigualdade em todo o sistema de justiça e segurança pública.

Estamos unidos em nossa dor e determinação por mudança. Continuaremos a lutar contra o racismo estrutural e por um sistema de justiça que realmente proteja e sirva a todos os cidadãos, especialmente da população quilombola.

Comunidade Quilombola de Alagadiço
Juazeiro, Bahia

#vidasnegrasimportam



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