Estão presos dois PMs acusados pela morte do jovem quilombola José William dos Santos; crime ocorreu há 30 dias

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De acordo com informações obtidas pelo PNB, dois policiais militares foram presos nesta quinta-feira (28), acusados da morte do jovem quilombola José William dos Santos Barros, 27 anos, ocorrida na noite de 27 de agosto, durante ação da Polícia Militar da Bahia, entre os povoados de Lagoa do Salitre e Rodeadouro, em Juazeiro, Norte da Bahia.

José William dos Santos Barros foi alvejado com três tiros.

Ainda de acordo com as informações os PMs se apresentaram, após tomarem conhecimento dos mandados de prisão temporária que havia contra eles. Ainda não tivemos acesso aos nomes dos policiais.

Ontem (27), quando o crime completou um mês, familiares, amigos e movimentos sociais realizaram uma manifestação pelas ruas de Juazeiro pedindo justiça para o assassinato do jovem.

A Secretaria de Segurança Pública, informou que a Corregedoria-Geral vem acompanhando o caso de perto.

“Policiais civis da 1ª Delegacia Territorial (DT) de Juazeiro iniciaram as apurações. A Coordenação Regional da Polícia Técnica de Juazeiro realizou as perícias no local da ocorrência e no corpo do jovem. As armas envolvidas na ocorrência também serão periciadas, com a finalidade de elucidar a dinâmica do caso”, afirmou o órgão de segurança estadual.

“A SSP reafirma seu compromisso por investigações isentas, céleres e justas de todas as ocorrências com resultado morte”, declarou o órgão.

Crime

José William dos Santos Barros, 27 anos, da comunidade quilombola de Alagadiço, distrito do Junco/Salitre, foi alvejado com três tiros.

Ele trabalhava no aterro sanitário de Juazeiro e era pai de uma criança de 3 anos.

Em nota, a Comunidade Quilombola de Alagadiço acusou a PM de ter atirado na vítima e  repudiou a ação policial pelo “uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos.”

Entidades ligadas ao movimento negro emitiram uma nota de “Dor, Luto e Revolta pela morte de mais um jovem negro quilombola.”

Em nota enviada ao Portal Preto no Branco nesta segunda-feira (28), a Polícia Militar da Bahia se manifestou sobre a morte do jovem e alegou que William foi atingido por disparos de arma de fogo durante um confronto, e que foi encontrado um revólver calibre 38 com seis munições em posse da vítima.

Porém, em entrevista ao PNB, uma testemunha que estava com José Willian durante a ação, contesta a versão da PM. De acordo com ela, que preferiu não ser identificada, a vítima estava desarmada e foi atingida pelas costas enquanto pilotava uma motocicleta.

Redação PNB, com informações Ascom/SSP


“William vive”: amigos e familiares do jovem morto durante ação policial, em Juazeiro, realizam manifestação na BA 210 para cobrar justiça para o caso

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Com gritos de “William vive” e pedidos de justiça, familiares e amigos do jovem José William dos Santos Barros,26 anos, estão realizando na manhã desta segunda-feira (04) uma manifestação na BA 210, próximo a comunidade de Rodeadouro, em Juazeiro, no Norte da Bahia. O jovem foi morto no último dia 27, por volta das 18:30h, durante ação da Polícia Militar da Bahia.

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Os manifestantes fecharam a BA 210, impedindo a passagem de veículos. Guarnições da PM estão no local.

A investigação das circunstâncias da morte de José William é acompanhada de perto pela Corregedoria-Geral da Secretaria da Segurança Pública, informou a SSP/BA.

O caso aconteceu em uma estrada entre os povoados de Lagoa do Salitre e Rodeadouro, na cidade de Juazeiro.

“Policiais civis da 1ª Delegacia Territorial (DT) de Juazeiro iniciaram as apurações. A Coordenação Regional da Polícia Técnica de Juazeiro realizou as perícias no local da ocorrência e no corpo do jovem. As armas envolvidas na ocorrência também serão periciadas, com a finalidade de elucidar a dinâmica do caso”, afirmou o órgão de segurança estadual.

“A SSP reafirma seu compromisso por investigações isentas, céleres e justas de todas as ocorrências com resultado morte”, declarou o órgão.

Wiliam trabalhava no aterro sanitário de Juazeiro e era pai de uma criança de 3 anos.

Em nota, a Comunidade Quilombola de Alagadiço acusou a PM de ter atirado na vítima e repudiou a ação policial pelo “uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos.”

Entidades ligadas ao movimento negro emitiram uma nota de “Dor, Luto e Revolta pela morte de mais um jovem negro quilombola.”

Em nota enviada ao Portal Preto no Branco no último dia 28, a Polícia Militar da Bahia se manifestou sobre a morte do jovem e alegou que William foi atingido por disparos de arma de fogo durante um confronto, e que foi encontrado um revólver calibre 38 com seis munições em posse da vítima.

Porém, em entrevista ao PNB, uma testemunha que estava com José Willian durante a ação, contesta a versão da PM. De acordo com ela, que preferiu não ser identificada, a vítima estava desarmada e foi atingida pelas costas enquanto pilotava uma motocicleta 

 

SSP acompanha investigação da morte do jovem quilombola durante ação policial, no Salitre, em Juazeiro

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A investigação das circunstâncias da morte de José William dos Santos Barros, ocorrida no último domingo (27), por volta das 18:30h, durante ação da Polícia Militar da Bahia, é acompanhada de perto pela Corregedoria-Geral da Secretaria da Segurança Pública, informou a SSP/BA.

O caso aconteceu em uma estrada entre os povoados de Lagoa do Salitre e Rodeadouro, na cidade de Juazeiro, região Norte do estado.

“Policiais civis da 1ª Delegacia Territorial (DT) de Juazeiro iniciaram as apurações. A Coordenação Regional da Polícia Técnica de Juazeiro realizou as perícias no local da ocorrência e no corpo do jovem. As armas envolvidas na ocorrência também serão periciadas, com a finalidade de elucidar a dinâmica do caso”, afirmou o órgão de segurança estadual.

“A SSP reafirma seu compromisso por investigações isentas, céleres e justas de todas as ocorrências com resultado morte”, declarou o órgão.

José William dos Santos Barros, 27 anos, da comunidade quilombola de Alagadiço, distrito do Junco/Salitre, foi sepultado na última segunda-feira (28). O velório e o sepultamento do jovem foram marcados por muita emoção, homenagens e pedidos por justiça.

Wiliam trabalhava no aterro sanitário de Juazeiro e era pai de uma criança de 3 anos.

Em nota, a Comunidade Quilombola de Alagadiço acusou a PM de ter atirado na vítima e  repudiou a ação policial pelo “uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos.”

Entidades ligadas ao movimento negro emitiram uma nota de “Dor, Luto e Revolta pela morte de mais um jovem negro quilombola.”

Em nota enviada ao Portal Preto no Branco nesta segunda-feira (28), a Polícia Militar da Bahia se manifestou sobre a morte do jovem e alegou que William foi atingido por disparos de arma de fogo durante um confronto, e que foi encontrado um revólver calibre 38 com seis munições em posse da vítima.

Porém, em entrevista ao PNB, uma testemunha que estava com José Willian durante a ação, contesta a versão da PM. De acordo com ela, que preferiu não ser identificada, a vítima estava desarmada e foi atingida pelas costas enquanto pilotava uma motocicleta.

Redação PNB, com informações Ascom/SSP

 

Entidades repudiam ação policial que resultou na morte do jovem William no Salitre, em Juazeiro: “Foi alvejado nas costas pela Polícia Militar, morrendo na hora”; enterro do jovem será nesta segunda (28)

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O corpo do jovem José William dos Santos Barros, 27 anos, morto neste domingo (27) durante uma ação policial na comunidade quilombola de Alagadiço, distrito do Salitre, em Juazeiro, está sendo removido nesta manhã do Hospital Regional de Juazeiro pela equipe do Instituto Médico Legal- IML.

Segundo informações de familiares, a polícia levou o jovem para a instituição hospitalar já sem vida.

Wiliam trabalhava no aterro sanitário de Juazeiro e tinha um filho de 3 anos.

Ele foi vítima de dois disparos de arma de fogo durante uma ação da Polícia Militar na localidade em que mora, e, segundo a comunidade, os tiros foram efetuados pelos agentes de segurança pelas costas.

Em nota, a Comunidade Quilombola de Alagadiço rebateu a versão da polícia de que o jovem estaria “empinando uma moto e afirmo que, segundo testemunhas, “William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia”.

A nota critica e repudia a ação policial pelo “uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos.”

Entidades ligadas ao movimento negro emitiram uma nota de “Dor, Luto e Revolta pela morte de mais um jovem negro quilombola”

Confira

O jovem José Wiiliam Santos Barros, de 26 anos, foi assassinado ontem (27/08/23) na Comunidade Quilombola do Alagadiço, pela Polícia Militar. Esta é a primeira comunidade a ser certificada na cidade de Juazeiro, Bahia. Os moradores relatam que ele estava em pé em uma moto, na estrada em frente ao Alagadiço, junto com várias outras pessoas da comunidade, quando foi alvejado nas costas pela Polícia Militar, morrendo na hora. Não houve qualquer possibilidade de diálogo, defesa ou anúncio de prisão. Ainda segundo os moradores, o corpo sumiu por uma hora, sem que fosse dada nenhuma satisfação para os moradores, que o encontraram no Hospital Regional da Cidade. O sepultamento será às 16:30, na comunidade.

Esse assassinato acontece no mesmo mês em que foi brutalmente executada, com 12 tiros, a líder quilombola Bernadete Pacífico. A dor, o luto e a revolta tomam conta da população negra de todo país!

A população negra da Bahia tem enfrentado dias difíceis, em que a morte ronda as periferias, nossos jovens, nossas lideranças com muito mais contundência. O Estado registrando o índice macabro de campeã de mortes por ações policiais, chegando a quase 1500, em 2022, superando o Rio de Janeiro, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nos últimos 7 anos o número dessas ocorrências cresceu mais do que quatro vezes.

Exigimos a mudança da política de Segurança Pública no Estado!!! Nossos corpos não podem mais ser sempre o alvo. Ao ouvir críticas à ação da Polícia Militar, o Governador Jerônimo declarou, em um programa da tv aberta, todo apoio à forma de atuação das polícias locais. Não pode ser assim, governador!!! Essa herança de Rui Costa tem que ser rompida! Essa será a principal política pública para as populações negras da Bahia?

Compir – Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro (BA)
Articulação Quilombola
Frente Negra do Velho Chico
Pérola Negra
Coletivo Enxame

Nota de Repúdio: Ação da Polícia Militar em relação ao Jovem William da Comunidade Quilombola de Alagadiço, Juazeiro-BA

Nós, membros da Comunidade Quilombola de Alagadiço em Juazeiro, Bahia, manifestamos nosso profundo repúdio em relação à ação da Polícia Militar que resultou na trágica morte do jovem William, um integrante desta comunidade.

É com indignação e tristeza que observamos as circunstâncias em torno dessa fatalidade. A Polícia Militar alegou que o jovem estava empinando uma moto, porém, o testemunho de membros da nossa comunidade contradiz essa versão. Segundo relatos de testemunhas, William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia.

Este incidente trágico destaca um problema maior e sistêmico que enfrentamos. Vemos essa ação como um exemplo gritante de uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos. A perda de William é uma lembrança dolorosa das vidas negras que continuam sendo afetadas pela violência e pelo racismo institucional.

É profundamente preocupante e lamentável que a população negra continue a enfrentar brutalidade por parte da polícia militar no estado da Bahia e em muitas outras regiões. A persistência desse problema destaca a necessidade urgente de abordar questões de discriminação racial, violência policial e desigualdade em todo o sistema de justiça e segurança pública.

Estamos unidos em nossa dor e determinação por mudança. Continuaremos a lutar contra o racismo estrutural e por um sistema de justiça que realmente proteja e sirva a todos os cidadãos, especialmente da população quilombola.

Comunidade Quilombola de Alagadiço
Juazeiro, Bahia

#vidasnegrasimportam

Jovem morre durante ação policial no Rodeadouro, Salitre, Juazeiro, e comunidade acusa a PM: “Estava em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia”

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Durante uma ação policial no povoado do Rodeadouro, distrito do Salitre na tarde deste domingo (27), um jovem morreu vítima de disparos de arma de fogo.

Em nota, a Comunidade Quilombola de Alagadiço lamentou a morte do jovem e acusa a polícia de ter efetuado os disparos alegando que William “estava empinando uma moto”.

A representação da comunidade da qual o jovem fazia parte rebate a versão da polícia e e afirma que, segundo testemunhas, “William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia”.

A nota critica e repudia a ação policial pelo “uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos.”

O PNB segue apurando o caso.

Nota de Repúdio: Ação da Polícia Militar em relação ao Jovem William da Comunidade Quilombola de Alagadiço, Juazeiro-BA

Nós, membros da Comunidade Quilombola de Alagadiço em Juazeiro, Bahia, manifestamos nosso profundo repúdio em relação à ação da Polícia Militar que resultou na trágica morte do jovem William, um integrante desta comunidade.

É com indignação e tristeza que observamos as circunstâncias em torno dessa fatalidade. A Polícia Militar alegou que o jovem estava empinando uma moto, porém, o testemunho de membros da nossa comunidade contradiz essa versão. Segundo relatos de testemunhas, William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia.

Este incidente trágico destaca um problema maior e sistêmico que enfrentamos. Vemos essa ação como um exemplo gritante de uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos. A perda de William é uma lembrança dolorosa das vidas negras que continuam sendo afetadas pela violência e pelo racismo institucional.

É profundamente preocupante e lamentável que a população negra continue a enfrentar brutalidade por parte da polícia militar no estado da Bahia e em muitas outras regiões. A persistência desse problema destaca a necessidade urgente de abordar questões de discriminação racial, violência policial e desigualdade em todo o sistema de justiça e segurança pública.

Estamos unidos em nossa dor e determinação por mudança. Continuaremos a lutar contra o racismo estrutural e por um sistema de justiça que realmente proteja e sirva a todos os cidadãos, especialmente da população quilombola.

Comunidade Quilombola de Alagadiço
Juazeiro, Bahia

#vidasnegrasimportam





A Articulação Quilombola do Território do  São Francisco convida todas as comunidades quilombolas do território a participar do Seminário Itinerante sobre Direito Quilombola e Titulação de Terras com a Defensoria Pública da União – Seção Petrolina sobre os direito, direito quilombola e os desafios para a titulação de terras nessas comunidades. A programação acontecerá de agosto a dezembro, nas comunidades quilombolas.

A Defensoria Pública da União, através do Promotor Marcelo Galvão, abordará, além de tópicos referentes ao direito dos povos quilombolas, caminhos para o exercício popular do direito. Ou seja, como as comunidades podem compreender e exercer de forma autônoma seus direitos. 

A titulação de terras quilombolas é um direito constitucional e na região não existe nenhuma comunidade quilombola titulada. A responsabilidade pela certificação das comunidades quilombolas é da Fundação Cultural Palmares e pelo titulação é do INCRA. Esperamos, ao final desse processo que todas as comunidades abram seus processos de titulação.

Em dezembro haverá a culminância do evento, com a presença de todos e todas envolvidas, buscando formular uma política de direitos para as comunidades da região. Contamos com a presença de todxs nessa jornada em prol da igualdade e do reconhecimento dos quilombolas. Sejamos agentes ativos na garantia de nossos direitos. Juntos, podemos fazer a diferença!  

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Contatos,

Profa. Dra. Márcia Guena – professora do curso de Jornalismo em Multimeios (UNEB – Juazeiro) e coordenadora da Articulação Quilombola

TEL: (74) 9 99354404

E-MAIL: mguena@uneb.br


Roseane Pereira- estudante do curso de Jornalismo em Multimeios (UNEB - Juazeiro) e monitora da Articulação Quilombola

TEL: (74) 9 99248659

E-MAIL: rosejornalistauneb@gmail.com

 

  • Destaques

  • No Nordeste residem 68,19% dos quilombolas do país. A Bahia concentra 29,90% desta população e o Maranhão vem a seguir, com 20,26%. Juntos, os dois estados abrigam 50,16% da população quilombola do país.
  • O Censo 2022 encontrou 473.970 domicílios com pelo menos um morador quilombola.
  • Dos 5.568 municípios do Brasil, 1.696 tinham moradores quilombolas. Senhor do Bonfim/BA tinha o maior número de pessoas quilombolas (15.999), com Salvador/BA (15.897), Alcântara/MA (15.616) e Januária/MG (15.000) em seguida.
  • Foram identificados 494 Territórios Quilombolas oficialmente delimitados no país, que abrigavam 167.202 quilombolas. Assim, apenas 12,6% da população quilombola residia em territórios oficialmente reconhecidos. Entre estes territórios, o de Alcântara/MA tinha a maior população quilombola residente (9.344), seguido por Alto Itacuruçá, Baixo Itacuruçá, Bom Remédio/PA (5.638) e Lagoas/PI (5.042).
  • Na Amazônia Legal, o Censo 2022 encontrou 426.449 pessoas quilombolas, o que representa 1,6% da população desta região e quase um terço (32,1%) dos quilombolas do país.
Censo 2022 traz dados inéditos sobre população quilombola - Foto: Jessica Cândido/Agência IBGE Notícias

A população quilombola do país é de 1.327.802 pessoas, ou 0,65% do total de habitantes. Os dados são do Censo 2022, que investigou pela primeira vez esse grupo, integrante dos povos e comunidades tradicionais reconhecidos pela Constituição de 1988. Foram identificados 473.970 domicílios onde residia pelo menos uma pessoa quilombola, espalhados por 1.696 municípios brasileiros. O Nordeste concentra 68,19% (ou 905.415 pessoas) do total de quilombolas do país. 

O Censo também mostrou que os Territórios Quilombolas oficialmente delimitados abrigam 203.518 pessoas, sendo 167.202 quilombolas, ou 12,6% do total de quilombolas do país. Destaca-se, ainda, que apenas 4,3% da população quilombola reside em territórios já titulados no processo de regularização fundiária. 

"Com essa divulgação, o IBGE atende a uma demanda histórica da sociedade brasileira, dos órgãos governamentais e dos movimentos sociais. Conhecer o número de pessoas quilombolas e como elas se distribuem pelo país, no nível de municípios, vai orientar políticas públicas de habitação, ocupação, trabalho, geração de renda, e regularização fundiária”, declara Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE. 

“É importante destacar que todos esses dados refletem um processo participativo, em que a população quilombola esteve presente junto com o IBGE desde o início, no mapeamento das comunidades, na definição dos questionários, na organização para o planejamento da coleta, no treinamento dos recenseadores e, agora, na divulgação dos resultados”, complementa Fernando Damasco, Gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas. 

A publicação Censo 2022 - Quilombolas: Primeiros resultados do universo têm informações para o país, Unidades da Federação, Municípios, Territórios Quilombolas oficialmente delimitados e para a Amazônia Legal, desagregados segundo as delimitações oficiais em 31/07/2022. Os dados estão representados em tabelas, cartogramas e num mapa em escala 1:5.000.000, além de arquivos geoespaciais vetoriais.

Bahia e Maranhão concentram metade (50,16%) da população quilombola do país 

A Bahia é a Unidade da Federação com maior quantidade de quilombolas: 397.059 pessoas, ou 29,90% da população quilombola recenseada. Em seguida, vem o Maranhão, com 20,26% dessa população (ou 269.074 pessoas quilombolas). Juntos, os dois estados concentram metade (50,16%) da população quilombola do país. A seguir, vêm Minas Gerais (135.310), Pará (135.033) e Pernambuco (78.827) que, somados, reúnem 26,3% da população quilombola. 

Destaca-se, ainda, a ausência de população quilombola no Acre e em Roraima. “Nesses dois estados, não há qualquer indício de população quilombola, por isso, a pergunta de autoidentificação não foi aplicada”, explica Marta. 

O Maranhão apresenta o maior percentual (3,97%) de quilombolas na população do estado, seguido por Bahia (2,81%), Amapá (1,71%), Pará (1,66%), Sergipe (1,27%), Alagoas (1,21%). 

Quilombolas estão presentes em 1.696 municípios brasileiros 

Dos 5.568 municípios do Brasil, 1.696 possuem população quilombola. Senhor do Bonfim/BA é a cidade com a maior quantidade absoluta (15.999 pessoas quilombolas), seguida por Salvador/BA (15.897), Alcântara/MA (15.616) e Januária/MG (15.000). 

Já em relação a proporção de quilombolas na população total do município, Alcântara/MA se destaca, com 84,6%. Destacam-se, ainda, Berilo/MG, Cavalcante/GO, Serrano do Maranhão/MA e Bonito/BA, que têm mais de 50% de sua população declarada quilombola. 

Segundo Damasco, a análise espacial da distribuição da população quilombola no território brasileiro indica quatro eixos de concentração espacial. “O primeiro é formado pelas regiões Sudeste e Nordeste em duas frentes principais: em torno da bacia do rio São Francisco até Pernambuco e nas cidades litorâneas de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, com destacada presença no Vale do Ribeira, entre São Paulo e Paraná”. 

“O segundo eixo está no baixo rio Amazonas, envolvendo municípios do Amazonas e da calha norte do Pará até a sua foz, além dos municípios do entorno de Belém e do Amapá. Esse eixo de concentração se projeta sobre o Maranhão, principalmente no entorno de São Luís, além de todo o norte do estado. Um terceiro eixo está entre a regiões Centro-Oeste e Norte, principalmente no entorno do Pantanal mato-grossense e na bacia do rio Guaporé. O quarto e último eixo, bastante expressivo, está no sul e sudeste do Rio Grande do Sul”, explica.

Média de moradores é maior em domicílios onde há quilombolas 

Dos 72,4 milhões domicílios particulares permanentes ocupados recenseados no Brasil, 473.970 têm pelo menos um morador quilombola, correspondendo a 0,65% dos domicílios, mesmo percentual relativo às pessoas quilombolas na população residente. 

Nos domicílios onde há pelo menos uma pessoa quilombola, a média de moradores é mais alta (3,17) do que no total de domicílios do país (2,79). Além disso, são quilombolas 88,15% dos moradores desses domicílios. “É importante salientar esse dado porque mostra que a maioria dos moradores em domicílios com pelo menos uma pessoa quilombola são quilombolas”, destaca Marta. 

Apenas 12,6% da população quilombola residem em territórios oficialmente delimitados 

Foram identificados 494 Territórios Quilombolas oficialmente delimitados, presentes em 24 estados e no Distrito Federal, que abrigam 203.518 pessoas, sendo 167.202 quilombolas (82,16%) e 36.316 (21,72%) não quilombolas. Assim, 12,6% dos quilombolas do país residiam em territórios oficialmente delimitados e 87,4% encontravam-se fora de áreas formalmente delimitadas e reconhecidas. “Essas áreas foram compiladas pelo IBGE a partir de dados do INCRA e dos órgãos estaduais e municipais com competências fundiárias”, explica Damasco. 

Mais da metade (53,4%) da população quilombola residente em territórios delimitados vivia no Nordeste, totalizando 89.350 pessoas. No entanto, esse número corresponde a apenas 9,9% dos quilombolas presentes nesta região. 

A região Norte tem 31,3% de sua população quilombola residindo em territórios delimitados, a maior proporção entre as cinco grandes regiões. São 52.012 pessoas, ou 31,1% do total de quilombolas que vivem em territórios delimitados formalmente no país.

Os estados com as maiores proporções de quilombolas em territórios delimitados são Amazonas (45,43%), Sergipe (45,24%) e Mato Grosso do Sul (44,97%). Os percentuais mais baixos são de Alagoas (1,83%), Minas Gerais (3,38%) e Bahia (5,23%). 

Já os estados com maior presença pessoas de não quilombolas nos territórios oficialmente delimitados são Paraíba (51,58%), Espírito Santo (45,09%) e Rio Grande do Sul (41,99%). Os menores percentuais estão no Piauí (3,50%), Rondônia (4,33%) e Rio Grande do Norte (5,17%).

Dos 1.696 municípios com presença de quilombolas, apenas 326 têm territórios delimitados 

Em 326 municípios havia população quilombola residente em territórios oficialmente delimitados. Os maiores contingentes estavam nos municípios de Alcântara/MA (9.868 pessoas), Abaetetuba/PA (7.528 pessoas) e Oriximiná/PA (4.830 pessoas). 

O território oficialmente delimitado de Alcântara/MA tem a maior população quilombola residente (9.344 habitantes quilombolas) seguido por Alto Itacuruçá, Baixo Itacuruçá, Bom Remédio/PA (5.638 habitantes quilombolas) e o território Lagoas/PI (5.042 habitantes quilombolas). 

Por outro lado, em 1.655 municípios havia população quilombola residente fora de territórios oficialmente delimitados, sendo os maiores contingentes encontrados em Januária/MG, (15.000), Salvador/BA (14.727) e Senhor do Bonfim (13.652). 

Apenas 4,3% da população quilombola residem em territórios titulados 

O Censo 2022 mostrou que 62.859 pessoas residiam nos 147 Territórios Quilombolas oficialmente delimitados titulados. Deste total, 57.442 (ou 91,38%) eram quilombolas e 5.417 (8,61%), não quilombolas. 

A população quilombola que reside em territórios titulados representa apenas 4,3% do total de quilombolas do país. Assim, 95,67% dessa população (ou 1.270.360 pessoas) não obtiveram os títulos definitivos de suas terras no processo formal de regularização fundiária. As maiores proporções de quilombolas em territórios titulados foram observadas no Pará (28,09%), Amapá (14.09%) e Goiás (11,61%). 

Mais de 30% dos quilombolas vivem em municípios da Amazônia Legal 

Nos municípios da Amazônia Legal, encontravam-se 426.449 pessoas quilombolas, o que representa 1,6% da população residente na região e 32,11% do total de quilombolas do Brasil. 

Na Amazônia legal, foram recenseados 80.899 quilombolas em Territórios Quilombolas oficialmente delimitados, o que representa 48,38% da população quilombola nacional que reside em áreas oficialmente delimitadas. 

Além disso, enquanto na Amazônia Legal 18,97% da população quilombola reside em territórios delimitados, no total do país, esse percentual é de 12,6%. “Isso denota um maior avanço do processo de regularização fundiária na Amazônia Legal em relação ao restante do país”, observa Marta.

Mais sobre a pesquisa

O Censo 2022 investigou pela primeira vez o pertencimento étnico quilombola de pessoas residentes em localidades quilombolas. Este levantamento apresenta um conjunto inédito de informações básicas sobre pessoas quilombolas residentes no País, sobre domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador quilombola e, ainda, domicílios localizados em Territórios Quilombolas oficialmente delimitados. Os dados estão detalhados por Unidades da Federação, Municípios, Amazônia Legal e Territórios Quilombolas oficialmente delimitados.