Grupo de articulação quilombola reúne instituições no Rodeadouro para comemorar a certificação e reivindicar direitos

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O Grupo de Articulação Quilombola reuniu na última quinta-feira (09/08/2018) na comunidade do Rodeadouro, 11 instituições entre secretarias municipais, universidades e organizações civis, que ouviram e se comprometeram com as reivindicações de três comunidades quilombolas de Juazeiro (BA): Rodeadouro, Alagadiço e Barrinha da Conceição, as duas primeiras já certificadas pela Fundação Cultural Palmares. A reunião contou com cerca de 150 pessoas e foi a maior até então promovida pelo grupo, cujo objetivo é formar uma rede capaz de colaborar com os processos de certificação, titulação e conquistas de direitos para estas comunidades. O Grupo de Articulação Quilombola foi criado em 2011 pelo projeto de Pesquisa Perfil Fotoetnográfico das Comunidades Quilombolas do Submédio São Francisco: Identidades em Movimento, coordenado pela professora Márcia Guena, vinculada ao Departamento de Ciências Humanas, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus III, em Juazeiro (Ba).

Participaram moradores de três comunidades quilombolas



Pautas das comunidades

Jucileide dos Santos silva, presidente da ssociação de moradores
 do Rodeadourores
Para Jucileide dos Santos Silva, presidente da Associação de Moradores do Rodeadouro, receber a certificação como quilombola será muito importante, principalmente para a organização das terras da comunidade. Além disso, diante da presença de várias secretarias ela elencou as duas principais reivindicações: um posto de saúde, pois o único atendimento disponível na região fica na comunidade de Lagoa; água potável para uma parte da comunidade. Mas Jucileide, conhecida como Leidinha, faz questão de frisar: "aqui nós precisamos de tudo: segurança, uma área de lazer, saneamento básico, iluminação e segurança". A comunidade espera que, com a certificação, os direitos que cabem aso quilombolas cheguem até eles. 
A comunidade do Alagadiço, primeira a ser certificada em Juazeiro, também elencou os seus problemas. Para Gregório dos Santos, presidente da Associação de Moradores Quilombola do Alagadiço, o principal objetivo hoje é o fim da reforma da escola, que abrigará o cursinho pré-vestibular, Universidade Para Todos (UPT), que funciona hoje na igreja.  A implantação do cursinho foi possível após a parceria estabelecida entre a UNEB e a Prefeitura de Juazeiro. A universidade entrou com os professores e a experiência com esse projeto, criando uma turma para jovens quilombolas, e a prefeitura com o transporte e a reforma da escola, que agora caminha para a finalização. A dirigente da comunidade de Barrinha da Conceição, Benedita dos Santos Silva, também falou da falta de serviços na comunidade e acentuou a importância da história negra da região, afirmando ser a próxima comunidade a ser certificada.

Instituições se comprometem com ações

"Esse foi o evento mais evento mais importante para as comunidades quilombolas de Juazeiro, pois congregou instituições de diversas naturezas, comprometendo-se com a conquista de direitos", avalia Márcia Guena, professora da Uneb e coordenadora do projeto iniciado em 2011 que tem mapeado lideranças e comunidades na cidade.

Para Célia Regina Carvalho, que representou o prefeito Paulo Bonfim no evento, é fundamental que as comunidades confirmem suas identidades negras e enfrentem os preconceitos. Célia disse que a prefeitura de Juazeiro está à disposição das comunidades quilombolas para o enfrentamento dos problemas estruturais. Luana Rodrigues, diretora da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade disse que o evento foi importante para "as três comunidades por sua autodeclaração como quilombola,  pela representatividade política das entidades presentes e pelo fato de ser no Rodeadouro pelo seu papel histórico e turístico. Aém disso a certificação do Rodeadouro tem um significado simbólico e identitário para Juazeiro, que tem 73% de população negra". 
O professor Nilton Almeida, diretor da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) declarou que "os quilombos não são só o passado, mas um componente importante do futuro do nosso país. Então é preciso saudar o que aconteceu com a comunidade quilombola do Rodeadouro e serve como referência para que outras comunidades quilombolas se empenhem e consigam! 
Dona Ovídea, liderança do Rodeadouro, articuladora do Samba de Véio

possível perseverar e alcançar vitórias, para que a gente consolide o conhecimento desse segmento tão importante para a vida do nosso país. É com muita alegria que a Pró-Reitoria de extensão pode participar dessa solenidade no Rodeadouro e reafirmarmos a disponibilidade para trabalharmos todos juntos, comunidade univasfiana e comunidades quilombolas"

Grupo de articulação quilombola se consolida
O evento na comunidade do Rodeadouro foi um passo importante para o fortalecimento das ações do Grupo de Articulação Quilombola. Estiveram presentes, além dos representantes das três comunidades quilombolas, as seguintes pessoas e entidades:

Célia Regina Carvalho, respresentando o prefeito de Juazeiro; Clenilda Ananaias, representando a Secretaria de Saúde; Luana Rodrigues, diretora da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade; Pereira, representante do SAAE; Márcio Angelo, representando a Secretaria de Cultura; Nilton Almeida, diretor da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do Vale do São Francisco; Jean Gomes, representando a Câmara de Vereadores; José Rosa, representando o Conselho de Promoção da Igualdade Racial e o Afoxé Filhos de Zaze; Gabriela Barbosa, coordenadora do Coletivo de Assessoria Popular Luiz Gama e os estudantes de direito integrantes do coletivo; Simone, representante do Incra; Leidiana, representando a UNEGRO. 


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