Luta e Resistência: I Encontro de Comunidades Quilombolas do Território Sertão do São Francisco

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Foi realizado no sábado do dia 23/11 o I Encontro de Comunidades Quilombolas do Território Sertão do São Francisco. O evento inédito ocorreu na Comunidade Quilombola do Alagadiço, localizada no distrito da cidade de Juazeiro (BA), e contou com a presença de diversas comunidades quilombolas da região, bem como de vários movimentos sociais e instituições que atuam em prol da causa quilombola. 

Idealizado pela Articulação Quilombola - grupo vinculado à UNEB e coordenado pela Profª. Drª. Márcia Guena dos Santos - o evento contou com um dia inteiro de trocas políticas e afetivas entre os diversos agentes que atuam pela causa quilombola em Juazeiro e Casa Nova (BA). Além das comunidades quilombolas de Rodeadouro e Sítio Lagoinha, se fizeram presentes a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais (CONAQ) e o Coletivo de Assessoria Jurídica Popular Luiz Gama (CAJUP Luiz Gama). Ainda, vinculados ao Município de Juazeiro, estavam também a Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (SEDES) e o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), além de discentes e doscentes da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

O primeiro momento foi marcado por uma mesa de debates onde membros e lideranças das comunidades compartilharam experiências e sentimentos entre si. Seu Gregório, liderança da Comunidade do Alagadiço, iniciou sua fala com "é a primeira vez que vejo isso no Alagadiço!". E, sem dúvida, ele estava certo. Aquele foi um momento histórico para a cidade de Juazeiro, um símbolo da união política e, sem dúvida, afetiva, que se tem construído entre as comunidades quilombolas da região em prol dos seus direitos e da sua existência plena. As falas da mesa, recheadas de emoção e orgulho, expressaram isso muito bem: naquele sábado, História foi feita!

A seguir, a tarde foi recheada de trocas culturais. Na escola da comunidade, o Prof. Dr. Nilton de Almeida Araújo exibiu filmes para as crianças e jovens que exaltavam a negritude e os valores que a circundam. Paralelamente, a Prof. Dr. Márcia Guena coordenou uma oficina de beleza negra no espaço da igreja da comunidade, ministrada por Tamires e Maria Aparecida Oliveira, filha e mãe responsáveis pelas tranças e turbantes, e por Lari Rocha e Beatriz Soares (Salão de Beleza LaRocha), profissionais no cuidado com cabelos afro. Ambos os espaços foram muito enriquecedores e, em essência, espaços de descanso, diversão e renovação. Esses são valores caros à construção política. 

Ainda, para completar a programação e a interação entre os presentes, a tarde contou também com um jogo de futebol feminino (a Comunidade do Alagadiço é famosa por seu time de futebol composto por mulheres!). Por fim, a programação foi encerrada com uma divertida roda de São Gonçalo, momento cultural rico em ancestralidade e autoafirmação. 

Sem dúvida, este foi um evento histórico, marcante e que, imprescindivelmente, deve se repetir. A importância deste encontro é indescritível, principalmente para quem acompanha e conhece a luta e a realidade das comunidades quilombolas de Juazeiro e Casa Nova. Em tempos sombrios, reunir-se com os semelhantes para compartilhar, organizar, experimentar e abraçar é um ato revolucionário. Que venham mais encontros!



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